segunda-feira, 17 de setembro de 2007

.Sobre diferenças e outras tolices sentimentais.

Não sei quanto aos outros, mas eu não costumo me apaixonar por pessoas.
Pessoas são passageiras demais.
Muitas vezes, basta um estalido dos dedos e elas já foram embora...

Me apaixono por palavras, me apaixono por gestos, por ações, pela diferença existente entre um e outro.
Me apaixono pelas coisinhas, entende?
Aquilo que toca de verdade, os pequenos detalhes que ficam para sempre.
Pessoas não, pessoas não são tão interessantes.

Certa vez, há muito tempo, me apaixonei louca e irremediavelmente pelas linhas recitadas de um livro que adoro, pronunciadas pela boca de um determinado garotinho.
Outra vez me apaixonei pelo jeito desajustado que certo sujeito corria no jogo de futebol do colégio. Ele era o goleiro, eu lembro bem, e ele era lindo, mas eu nunca tinha me atentado a esse detalhe até reparar na maneira engraçada que ele ia em direção a bola com seu sorriso de satisfação na hora da defesa...
Houve uma vez que eu me apaixonei pelo jeito tranqüilo que ele tinha de conversar comigo, me olhando nos olhos sem me intimidar e tirando um fio de cabelo que por ventura caía sobre meus olhos...
Já me apaixonei pelo jeito dele, outro ele, de olhar quando alguém chamava seu nome: assim meio de lado, mas virando o corpo inteiro como quem está com torcicolo, sabe?
Lindo!
Já me apaixonei pela lágrima escorrendo entre os dedos que tapavam os olhos. E essa foi uma das paixões mais avassaladoras, porque não existe nada mais comovente que um homem tentando inutilmente esconder sua fragilidade.
Me apaixonei por discursos inteligentes que deixaram meus ouvidos silenciosos pra todo o resto do mundo.
Já me apaixonei por um olhar que me sorria...


Coisinhas, coisinhas...

Tudo o que é espontâneo, nada que seja forjado, nem forçado pra impressionar. Nem pessoas. E tudo ocorre na velocidade da luz, como instantes de iluminação.
Um raio, um relâmpago, um lapso de sentimento aflorando por aquilo que quase não se percebe...

Pessoas a gente enxerga como capas de livro, são os pequenos detalhes que mostram o conteúdo...
Olhando superficialmente, as pessoas, ou grande parte delas, tem uma mania errônea de querer parecer o que não são.
Mas as particularidades – ai como eu gosto das particularidades - denunciam as tentativas de engano e é por elas que me apaixono...


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[Estou num estado de Paz...e a espera das mãos de um alguém que certamente eu o pertenço...]


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