quinta-feira, 30 de abril de 2009

::JERIzando::

...Já sinto o cheiro de Feliz(cidade) no ar.



E você ao alcance das minhas mãos.





[Es la mañana con el sabor de Chambinho]
*

Let it be...Let it be...



Homem não chora nem por dor nem por amor.
E antes que eu me esqueça,
nunca lhe passou pela cabeça
me pedir perdão.
E só porque eu estou aqui...
ajoelhado no chão
com o coração na mão,
não quer dizer que tudo mudou.
Que o tempo parou...
que você ganhou .
Seu rosto vermelho e molhado
é só dos olhos pra fora.
Todo mundo sabe que homem não chora.
Não chora não...
Homem não chora nem por ter,
nem por perder.
Lágrimas são água
caem do seu queixo e secam sem tocar o chão.
E só porque você me viu cair em contradição,
dormindo em sua mão
não vai fazer a chuva passar
o mundo ficar no mesmo lugar...
Seu rosto vermelho e molhado
é só dos olhos pra fora...
- Frejat -





"Eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar...Dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe.
Mas, ele não soube. Acho que ele não queria. E eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo."
[Fragmentos de Caio Fernando Abreu...]

quarta-feira, 29 de abril de 2009


Não tente entender aquilo que eu não faço tanta questão de explicar...
Defino-me assim indefinida.
Já nasci pronta, mas vivo inacabada.
Sou inteira, em partes encaixadas.
Me sacio, mas volta e meia...insatisfeita.
Me escrevo e reescrevo, não quero o meu final,
Estou na metade do capítulo...ou do versículo.
Queria ser um poema...embora escrevendo um livro.
Sou paixão personificada,
Amor em minha essência.
Saudade do que não tenho
Lembrança do que já tive.
Ausência.
Não sou santa, eu não nego
Um tanto louca, me confesso.
Tenho medo,mas sempre valente
À vezes caio, outras só escorrego.
Mas se for o caso,pulo.Mergulho.
Não me tente, eu me entrego.
Sou parte do mar, muito do céu, meus pés vivem no chão.
Meu coração é uma montanha Russa.
.

Acertamos que tatuaríamos juntos a passagem do tempo e o acerto dos nossos corpos.
Lembras?
Mas sempre preferiste que a minha tatuagem fosse maior do que a tua. Que eu tatuasse o teu nome, como sinal de pertença...
Como se quisesse mostrar-me como um troféu. O teu troféu, a maior das tuas condecorações...
Eu deixei que me tatuasses a alma e os olhares, as mãos dadas e as alianças nos dedos.

Eu....apenas eu que nem asas me permitiste tatuar porque temias que a tinta tornasse audível o restolhar das minhas penas e voasse para longe de ti...
Tatuou-me no teu corpo, mas foram os meus passos que fundiram-se nos teus...E apenas a tatuagem do meu nome me permitias ser visível.
Tu nunca foste realmente tatuado, nunca fizeste do teu corpo altares de mim.
As tuas tatuagens sempre foram menos profundas na verdade.
Do meu nome poderás tatuar outro.
As tuas tatuagens, aliás, as minhas tatuagens em ti sempre foram tão mais fáceis de apagar.




[Eras tu...tatuado por toda a minha mente...]


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quinta-feira, 23 de abril de 2009

:: CaStRaÇÃo::



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Está vedado o direito de sentir saudade nas noites de desalento.
[Pois já não é mais teus os pensamentos do amanhecer e da aurora.]



Eu te proibo pronunciar meu nome quando a dor aperta e a falta sufoca.
[Porque agora é a tua ausência que me completam os pulmões.]



Te proibo de me recorrer quando eu vagar pelas tuas lembranças santas e insanas.
[Porque eu já desfiz as malas e encaixotei os planos numa caixa com fitas isolantes.]




Não permito que a voz ao telefone seja qualquer conforto que queira encontrar.
[Porque o meu silencio fala mais alto do que tuas palavras de promessas não cumpridas.]




Não espere que me encontres nos sorrisos de paz...nas manhãs de domingo...e nas tardes de Sol claro quando as nuvens brincam de decorar o céu.
[É que a minha primavera ainda tem a sintonia que renovam as verdadeiras cores.]



Está proibido também nas pequenas coisas... num café amargo...uma rede na varanda...uma sala de embarque...uma flor de papel...telefonemas mudos...um cigarro a dois.
[Os sonhos que me deste, foram desfeitos quando eu não mais podia fechar meus olhos para sonhar.]



Está proibido desde o momento instante, encostar tua vida na minha...e cruzar teus passos aos caminhos dos meus.
[Por vc...eu aprendi a dançar errado...só para não pisar em teus pés.]



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"...Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago...Meu peito tão dilacerado..."
[Ahhh...Chico Buarque...!]
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quinta-feira, 16 de abril de 2009

P-A-U-S-A-D-A-M-E-N-T-E...

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[pausa.da.mente]
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sexta-feira, 3 de abril de 2009

: : MiL ::

Mil chãos já tive sob meus pés.
Mil sóis me cobriram a pele.
Mil abraços eu pedi.
Mil sim eu não neguei.
Mil olhares eu negligenciei.
Mil caminhos eu segui...Mil passos desviei.
Mil vendas eu arranquei, mil dores eu vendi.
Mil amores eu senti.
Mil sabores eu comprei.
Mil sorrisos foi me dado...Mil sorrisos me foram roubados.
Mil respostas sem perguntas.
Mil demoras sem esperas.
Mil primaveras para mil jardins.
Mil palavras com mil melodias.
Mil luas num céu de mil estrelas.
Mil saudades me doeu.
Mil lágrimas que não pedi.
Mil coragens que não perdi.
Mil medo de ferir tocando.
Mil perfumes de mil tonalidades.
Mil mãos firmes me tocaram.
Mil vozes me silenciaram.
Mil pessoas deixei ir.

Mil permaneceram.


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:: Águas de março ::


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...quando o vejo ao portão de casa, à minha espera...
E mal eu paro, ele apressa-se em fugir para dentro do carro.
Faz o mesmo sorriso de sempre,mas sempre inovado e diferente um do outro.
Dá-me um beijo no rosto olhando-me nos olhos...e começa a desbobinar as mil novidades que tem sempre por contar.
Fico a ouvi-lo e deixo-me enternecer pela forma como me diz, com o mesmo sorriso da chegada...
Já nem sei se acredito no amor entre os homens...quer dizer,na verdade...não me questiono mais sobre ele (seria apenas um interesse carnal, num aconchego de almas?), mas deixo inebriar-me,porque, afinal, é isso que me faz acalentar o espírito...
Olho-o com atenção e vejo-o, agora, maior que eu. Tornou-se, quase sem eu dar conta,o sorriso fácil que sai de mim...
Vamos a um bar qualquer e ele bebe do meu copo. Fala aos outros de assuntos que eu já o ouvi falar há uma semana atrás, mas acrescenta sempre algum pormenor esquecido, o que lhe torna o discurso meio aliciante.
Traz uma indiferença para com o mundo exterior pregada à pele e, ao mesmo tempo, uma simpatia e curiosidade insólita para quem se aproxima do nosso.
Fixo-o e não consigo perceber há quantas noites não dorme o suficiente ou se passou o dia inteiro trabalhando.
Parece que, às vezes, vive num estado de embriaguez que dá vontade de nos embriagarmos, nós próprios, nele.
As minhas noites são sempre mais protegidas quando o tenho ao meu lado, porque se me der para fugir, sei que ele não fica preso ao chão, a ver-me afastar.
E porque temos sempre uma praia,uma janela...ou algo qualquer juntos. Se não a tivermos logo ali, encontramos sempre, nem que seja só de manhã...
E entre os acordes duma música qualquer, acabamos deitados na areia ou mesmo ao chão a falar de coisas sem nexo. E eu não preciso de mais nada, um céu estrelado ou um amanhecer...bastam-me.
Nem fotografias temos - o meu olhar fotográfico vale muito mais; não desfigura nem banaliza os ambientes.

Mas isto é como ele me dizer a sorrir:hey, vamos ao castelo!
Desaparecemos de mãos dadas e quando nos voltam a encontrar, costumamos estar perdidos, a afogar numa garrafa qualquer, o nosso cansaço da busca e a nossa satisfação de termos encontrado um castelo de vontades...



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quarta-feira, 1 de abril de 2009

E eu te asseguro pés firmes e mãos leves...





"Vem pra misturar juizo e carnaval,
vem trair a solidão...
(...)
Vem pra se arrumar na minha confusão..."




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