segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

.:Garoa:.


"Ultimamente
A gente não consegue
Ficar indiferente
Debaixo desse céu...
Do meu apartamento
Você não sabe o quanto eu voei
O quanto me aproximei
De lá da Terra
As luzes da cidade
Não chegam nas estrelas
Sem antes me buscar...
E na medida do impossível
Tá dando pra se viver
Na cidade de São Paulo
O amor é imprevisível como você
E eu
E o céu.
Lá vou eu
Com o que Deus me deu
Escutando o som
Conquistando o céu
Desprezando o chão
Na cidade de São Paulo
O amor é imprevisível como você
E eu
E o céu..."
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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

.: GeNuíNa:.

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O amei como se fosse o primeiro...
Doei-me,como se ele fosse o último!
E no entanto Deus meu,fez-se como os outros.
Outro...como todos os outros.

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[Arranque do seu corpo minhas digitais...e o meu amor cheio de defeitos...]
*


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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sonhos,nuvens,céus e coisas assim...


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...Quando o sonho da gente cresce ele se materializa e vira nuvem.
Por isso que é confortante olhar o céu...
Lá do alto nossos sonhos espiam a gente.
Realize-os...!
Sonhos guardados por muito tempo viram nuvens carregadas de trovões...
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Qndo o sapo vira prínci...ops...!Quando o príncipe vira sapo...)

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Porque vais quebrar a promessa de presença?
És responsável por mim...
Vai chegar o tempo em que chove, vai haver vento ... Trovões e tempestades
E contra tudo prometo sobreviver ...!
Fechar os olhos para me sentir protegida...

Mas sem ti ...
Sou como flores do campo, distantes e desabrigadas.
É ... Mas imagino o que vais dizer...
Que sou uma flor como nenhuma outra,
Única em todo o mundo ...
E tu sabes que só tenho espinhos para me proteger da fragilidade das minhas pétalas ...
Dos insetos que anseiam por mel.
Oh príncipe, por que razão desperdiças seu tempo comigo?
... Se sabias de tua fuga próxima?
De tua vontade de conhecer desertos, jardins e raposas ...
Ah ... Vai ... E não prometa voltar que não preciso de fábulas agora...
Mas lembra sempre...que redomas, só não nos protegem da nossa própria solidão...

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[Ah Antoine, perdoa pela ousadia... É que às vezes sou tão...tão assim ... Sei lá ... ]


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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

.:FRA[n]CA MENTE:.

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E então eu me calei.

Não como os covardes que se calam por lhes faltar argumento.
(...) Mas não chorei! Não ... Não ... Eu não me permitiria tamanha fra[N]queza.
Calei como se cala uma criança pequena...Me calei devagar, pensei e pensei ...
(...) Não foi um silêncio agressivo.
Foi pura vontade de fechar todas as portas e apagar todas as luzes...Jogar fora as chaves ...
Espantar os pássaros do telhado.Juntar os fragmentos daquilo que chamávamos de vida...
Tudo culpa do meu desconsolo.
Acho que não quero falar disso também...
Por um instante eu quis gritar.
! Alto !
Acordar os preguiçosos... gritar até adormecer.
Talvez dormindo eu encontre abrigo.
Um abrigo em meio à cobertores e a desordem de sonhos interrompidos.

(Noites tão frias não deveriam existir quando a chama insiste em apagar ...)

Pensei em fugir...e quem sabe deixar a porta aberta,
deixar entrar um vestígio de luz.
Começo a ver o teu mundo se escurecendo...Perdido em seus passos sem raízes nenhuma.
- Não se preocupe...
... Eu também vou chorar.

Mas não se sinta mal.Você não foi o primeiro a me fazer chorar...

E certamente... também não será o último.

[Dia de domingo,é dia de se sonhar até tarde...!]


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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

No dia em que Júpiter encontrou Saturno...

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Foi a primeira pessoa que viu quando entrou. Tão bonito que ela baixou os olhos, sem querer querendo que ele também a tivesse visto. Deram-lhe um copo de plástico com vodca gelo e uma casquinha de limão. Ela triturou a casquinha entre os dentes, mexendo o gelo com a ponta do indicador, sem beber. Com a movimentação dos outros, levantando o tempo todo para dançar rocks barulhentos, devagarinho conquistou uma cadeira junto a janela.
A noite clara lá fora estendida sobre Henrique Schaumann, a avenida Poncho & Conga, riu sozinha...
Ria sozinha quase o tempo todo, uma moça magra querendo controlar a própria loucura, discretamente feliz.
Molhou os lábios na vodca tomando coragem de olhar para ele, um moço queimado de sol e calças brancas com a barra descosturada. Baixou outra vez os olhos e suspirou soltando os ombros, coluna amoldando-se ao junco da cadeira. Só porque amanhã ainda era dia de trabalho e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso. Sorriu olhando em volta...
Muito bem, aqui estou.

Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.

Levemente, para não chamar atenção de ninguém, girou o busto sobre a cintura, apoiando o cotovelo direito sobre o parapeito da janela. Debruçou o rosto na palma da mão, os cabelos lisos caíram sobre o rosto. Para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma Lua nada cheia,mas Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aquarela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo.

(Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco parada assim, meio remota, o moço das calças brancas veio se aproximando sem que ela percebesse.)

Parado ao lado dela, vistos de dentro, os dois pintados em aquarela - mas vistos de fora, das janelas dos carros procurando bares na avenida, sombras chinesas recortadas contra a luz vermelha.

E de repente o rock barulhento parou e a voz de John Lennon cantou "every day, every way is getting better and better".

-Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Queria que ela estivesse cheia. Hoje está em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei.
-Deve ser.
-É sim. Como tb é bom encontrar você.
-Também acho.

(Silêncio)

-Você gosta de Júpiter?
-Gosto. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".
-Que é isso?
-Um fragmento do poema de um menino que vai se perder...

(Silêncio)

-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

(Silêncio)

-Como é que você sabe?
-O quê?
-Que o menino vai se perder.
-Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
-Eu não sei nada.
-Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
-Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
-Ninguém compreende.
-Às vezes sim. Eu te ensino.

(Silêncio)

-Você tomou alguma coisa?
-O quê?
-Efedrina, morfina, codeína, mescalina, estenamina, psilocibina, metedrina.
-Não tomei nada. Não tomo nada.
-Nem eu. Já tomei tudo.
-Tudo?Cogumelos têm parte com o diabo.
-O Lsd aperfeiçoa o real.
-Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

-A lua já foi embora.A estrada escureceu.
-Mas navegamos.
-Sim. Onde está o Norte?
-Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

-Você é de Virgem?
-Sou. E você, de Touro?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Silêncio)

-Amanhã vou embora para Paris.
-Amanhã vou embora para Natal.
-Eu te mando um cartão de lá.
-Eu tb te mando um cartão de lá.
-No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
-No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

-Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada do meu lado, olhando de perfil.
-Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
-Vamos nos ver?
-No teu chá.
-E no meu chá.

(Silêncio)

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando como seria dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em está com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido.
-Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

(Silêncio)


-Me beija.
-Te beijo.

Desceu pelo elevador, a chave do hotel na mão. Rodou a chave entre os dedos, depois mordeu leve a ponta metálica, amarga...
Ria sozinha quase sempre... uma moça magra de cabelos lisos junto à janela querendo controlar a própria loucura, discretamente feliz.

Mordeu a unha junto com a chave, lembrando dele, um moço queimado de sol, com a barra branca das calças descosturadas...
E suspirou soltando os ombros, pés inseguros comprimindo o piso instável do elevador.
Só porque não era mais sábado, porque estava indo embora, porque as malas estavam por fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.

Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.

Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, apertou os dedos da mão direita na porta aberta do elevador e atravessou o saguão de lado, saindo para a rua.
Apoiou-se no poste da esquina, o vento esvoaçando os cabelos...e para evitá-lo ela então levantou a cabeça e viu o céu...
Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua nada cheia e Júpiter e Saturno muito próximos...
Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco, o moço debruçou-se na janela lá em cima e gritou alguma coisa que ela não chegou a ouvir.

Mas ela ainda pensava: "se Deus quiser, um dia acabo voando".
De onde estava, não conseguiria ver os olhos da moça. De onde estava, não conseguiria ver os olhos dele. Mas as memórias de cada um eram tantas que ele imediatamente entendeu e aceitou, desaparecendo da janela no exato instante em que ela atravessou a avenida sem olhar para trás...



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.:Capítulo Zero:.

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Eu quis tanto ser a tua Paz...quis tanto que você fosse o meu encontro...
Quis tanto dar, tanto receber.
Quis precisar, sem exigências.
E sem solicitações, aceitar o que me era dado...
Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana.Mas o que tinha, era seu...


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[Essa morte constante das coisas...é o que doi.]






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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

.:Andanças:.

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Eu bem que sabia que ainda não tinha fôlego de encarar aquela sensação.
Ainda assim,como num misto de nostalgia e desafio a si mesma...me vi ali...
Me vi novamente mirando aquele portão de embarque.
Confesso que de olhos fechados te vi chegar.Senti o teu calor em mim e aquele abraço que em silêncio me dava e sempre parecia que fazia o mundo parar...
Lembrei do quanto eu te amava suave...e do quanto me sentia completa por isso.

Mas tudo ficou tão pesado,que nem mesmo as nossas lembranças eu não era mais capaz de sustentar em minhas mãos.
O abrir dos olhos fez-me sentir novamente as mãos gélidas...e o coração descompassado.
E doeu.
Como ainda doia...
Porque do meu corpo,eu tinha as pernas trêmulas...dos meus olhos, cairam lágrimas que me denunciavam...

Senti uma dor orgânica.Vontade de correr para todos os lados,numa tentativa de exorcisar aquela dor de tanto inúmeros porquês com destino.

Era tudo ali tão nosso...!
Tantas indas e vindas...
E no entanto apenas eu restara...eu e meus pensamentos.Eu e minhas dores.Eu e os meu porquês...

Embarque...desembraque...atrasos...planagens...
Pessoas iam e vinham.E apenas vc permanecia em mim.
Sentei naquele mesmo banco,do 2º andar,ao lado do caixa eletrônico...onde na sua primeira ida,pôs-me em teu colo...Segurou-me pela mão...beijou-me forte e no meios das minhas lágrimas, olhou-me nos olhos e disse com a voz serena apertando-me em seu peito:" Você sempre terá à mim...não chore..."

No entanto estava eu novamente ali...e eu novamente chorava.
E agora eu chorava por saber que o "que tem de ser"...tem muita força!
Que ali...onde fiz do teu colo o meu abrigo...não existia mais o teu lugar nos braços meus.
Que era preciso novamente caminhar só...numa busca onde apenas meus olhos poderiam enxergar o que verdadeiramente seria meu.

Mas ainda doía...e como doía...
Mas eu levantei...sai andando...enxuguei o rosto...e diferente de como todas as outras vezes eu olhei para tras...
Eu olhei para tras,pois precisava ver que ali apenas existia um banco vazio...onde nem mesmo a dor de ti poderia ocupar lugar algum...
Fui embora.
E olhando para aquele banco eu sozinha pensava: "Eu poderia ter te amado para sempre..."





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[Seguir em frente evitando a mágoa com o destino, não olhar o que não deve ser visto, erguer a cabeça e os ombros; os outros não me afetam mais e mais... e isso durará até que se prove todo o contrário. ]


Embarque de vida nova e revonação.
E Luz...muita Luz para o meu ser.

Assim seja.


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