sábado, 22 de novembro de 2008

[Colorindo]


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E se a água que saísse do chuveiro fosse tratada com um produto químico que reagisse a uma combinação de coisas, como o batimento cardíaco, a temperatura corporal e as ondas cerebrais, de modo que sua pele trocasse de cor dependendo do seu estado de ânimo?

E se você estivesse extremamente empolgado, a pele ficaria verde, se você estivesse brabo a pele ficaria vermelha, obviamente, e se estivesse triste ficaria azul.
Todo mundo saberia como o resto das pessoas está se sentindo e poderíamos ser mais cuidadosos uns com os outros, pois você jamais ia querer dizer a uma pessoa com a pele roxa que você está brabo com ela por ela ter se atrasado, ao mesmo tempo que ia querer dar um tapinha nas costas de uma pessoa rosa e dizer a ela: “Parabéns!”

Outra razão que torna essa invenção boa é que muitas vezes você sabe que está sentindo um monte de alguma coisa, mas não sabe que coisa é essa.
Será que estou frustrado? Será que só estava mesmo aflito?

E essa confusão modifica seu ânimo, ela se torna o seu ânimo, e você vira uma pessoa confusa, cinza. Mas com a água especial você poderia olhar para as suas mãos laranja e pensar:
"Estou feliz! Na verdade eu estava feliz esse tempo todo! Que alívio!"

Por Oskar Schell.

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"Teus sinais me confundem da cabeça aos pés...mesmo assim eu te devoro..."




[E que eu sempre tenha a força de suportar tanta paz...]




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[perdas e ganhos, aquarela, janelas e bolhas imagináveis... ]

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Pensei na vida. Em minha vida.
Nas frestas de luz que entram pela porta cortando o escuro da noite, no som dos despertadores pela manhã, nos quarenta minutos indispostos após o despertar, nos balões de ar que se perdem no céu antes de alcançar a estratosfera, nas bolhas de sabão que estouram no ar antes que se termine de admirá-las, nos gerânios que ainda faltam no meu jardim e que são bonitos para nada, nas amoras, nos amores, nos brinquedos da infância, na infância: saia plissada, bochechas e joelhos sobressalentes.
Hoje tudo se mistura. Naquela época tudo me comovia: a soma dos números da placa de um carro, um pássaro engaiolado, o barulho da moto do entregador de pizza, um quadro torto na parede, uma estrela no céu, as nuvens opacas do final da tarde, uma boneca com a perna quebrada. Tudo. Minha vida é uma colagem.
Pensei nas vitórias. Nas minhas vitórias cotidianas, nas minhas perdas, nas escolhas e no que ficou pra trás. Nostalgia. Possibilidades. -Aonde você vai estar daqui a dez anos? – Por quê? – Porque é exatamente aonde eu gostaria de estar!.
Finais. Telas em branco, cadernos vazios, canetas, pincéis, aquarela e nanquim. Todos os medos. Tudo o que eu poderia ter libertado. Paredes, concreto, bolhas imaginárias de proteção de onde eu podia observar o mundo e permanecer imune a ele. Poderia ter me libertado das minhas próprias paredes há tempos.
Já experimentei de tudo. Ou quase. Dependendo do que “tudo” possa significar. Alegria, raiva,medo. Intensamente feliz, extremamente triste. Mas não o suficiente. Nunca o suficiente. Será que existe alegria suficiente? Será que há um limiar onde a felicidade convence? O fim de qualquer tristeza não justifica a tristeza. Sofrer é sólido. Não se perde no céu, não estoura no ar. Pensar demais é inútil. O mundo fora de nossas cabeças pode ser bem mais divertido.

Que tola eu sou...tão boba e tão frágil, tão forte, tão simples e absoluta. Tenho vários animais de pelúcia, não tenho medo da morte, meus animais de estimação cativam minha estima, ainda tenho medo da vida, do que se vai e do que fica (e do) para sempre.
Que tipo de pessoa eu sou? Não consigo explicar o que sinto nem a mim mesmo e por isso o que sinto é –quase- sempre tão bonito. Ainda não consigo compreender meus finais. Nem os inícios. E essa catraca que é a vida da gente.

Tantas pessoas que entram e tantas pessoas que saem. É preciso manter a porta aberta pra que elas entrem. É preciso manter a porta aberta pra que elas saiam. Minha casa vai ter sete janelas.

Pensei na vida. Em minha vida. E na falta que sinto do que já tenho.

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"Eu já me acostumei a esquecer tudo que vai..."




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terça-feira, 18 de novembro de 2008

.:Lavagem de Alma:.















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Ah...esse olhar verde/cinza que vieste para domar os olhos meus.
Trouxeste a mensagem suave para anunciar-me o próximo instante.
Porque tu me mostra o que é o tempo...o segredo dos espaços,o prazer dos intervalos...
Ah, intervalo quebrado! Quebrados nessa nossa terna hora exata de acontecer.

Chegaste como um anjo...
Despertando os meus instintos.
Viestes para lembra-me que tenho asas.
(eu havia esquecido...!).
Trouxeste de volta o meu encanto pela música...sonetos...palavras...
Lembraste-me que eu canto,que eu danço,que eu sou um leve e insustentável ser.
Trouxeste na bagagem deliciosos sorrisos pueris.

Pegaste-me pela mão,levando-me de volta ao caminho...
Caminho esse que já conheço...só que as vezes eu tropeço...fraquejo...e sento na pedra para chorar...
Recolheste meu corpo ao vento...colocaste-me o teu manto e devolveu-me às mãos de mim mesma.


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[Ah...se todos os meus dias fosse Canoa...]



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terça-feira, 11 de novembro de 2008

.:Do lado de dentro:.

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Ouvi o bater seco da porta ao fechar enquanto dormia.
Ainda havia o teu perfume nos lençóis que envolvia o meu corpo, enquanto procurava o teu ao meu lado.
Sonolenta,abri os olhos procurando por ti e não estavas.
Perguntei por ti e respondeu-me a tua ausência.
E agora,sabia comigo mesma que não seria momentânea, como tantas outras.
Um até breve disfarçado de adeus, como tantos outros.
Aqueles que nunca te diria. Aqueles que nunca esperei que me disseste.

Deixei que o tempo se contasse entre fumaças fugazes e justificações para a tua ausência.
Passos lá fora.
Serão os teus?
Não. Seguramente não seriam os teus. Se o fossem já terias entrado por essa porta. Nunca poderiam ser os teus, porque esses eu conheço de cor...
Mas bastou-me a minha certeza de que por ti,não mais esperarei...Como tantas outras vezes.

Não houve um bilhete de despedida e as chaves deixaste-as propositadamente na fechadura. Pelo lado de fora.
Deixaste-me presa a ti, ao porquê de tudo isto...sem respostas... e à vaga expectativa do teu regresso.
Que egoísta foste!
E saíste deixando a porta bater. E eu ouvi-a bater.
Fez-me escutar o barulho ensurdecedor de uma porta,como de quem não se importa...com tudo o que havia deixado para tras.

Pensei em te dar as chaves,para que pudesse voltar quando quisesse me visistar.
Mas enquanto procurava por ti,achei fotografias que mostravam a fidelidade dos meus olhos quando te viam...
Olhei ao redor...e vi a casa que diariamente regava para que ali sempre fosse teu abrigo,para acalentar-te sonhos.

Desorientada...voltei até a porta.
Silenciosamente pus a chave novamente para o lado de dentro.
Andei suavemente por todos os cômodos da nossa casa.
Visitei sentimentos.Admirei mais uma vez a nossa janela de vistas tão belas.
Recolhi alguns pedaços meus que estavam espalhados nas nossas varandas de luar.
Procurei as flores que te dei...mas já não havia nada lá.

E a ausência que antes me agonizava,de repente era ela ali quem me fazia completar os pulmões.

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"Não havia mais um dia perfeito...não havia mais com que me enganar...
Ventania no nosso deserto particular.
Não havia mais maneira ou jeito de fazer tudo se modificar...o futuro terminou antes de começar..."




[ Ainda bem que o amor é como o Sol...e sabe como renascer...]












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.:Taiba's Dreams:.







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Eu poderia falar da Lua sublime que nos cobria...
Ou quem sabe então descrever os raios de Sol que nos aqueceu.
Contaria sobre as estrelas que nos sorriam e nos contemplavam.
Mas não...a música que você sussurrou ao meu ouvido fazendo-me adormecer em teus braços...foi bem mais além...



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[Alguma coisa se esvai pela fímbria de teus dedos que aos poucos invade minha vida...Alguma coisa de mim, teus olhos denunciam...que me inquieta.
Sabes alguma coisa sobre mim que eu năo sabia...
E quanto mais o toque de tuas mãos me decifra,mais saberás de mim e mais perdida em ti me encontrarei...]

(SEGREDO MEU!)

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domingo, 9 de novembro de 2008


"A minha herança pra você é uma flor
Um sino, uma canção, um sonho...
Nenhuma arma ou uma pedra eu deixarei.
A minha herança pra você, é o amor capaz de fazê-lo tranqüilo, pleno...Reconhecendo no mundo o que há em si"






Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo.
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira...

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela menina sempre foi uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colhe e dar fruto flor do seu carinho.

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo e me aceito muito mais também.
E que a atitude de recomeçar é todo dia...toda hora...
É se respeitar na sua força na sua fé
E se olhar bem fundo e gostar do que vê.

Eu apenas queira que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas.
Que ainda sabe olhar dentro dos olhos
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida...





[Imagine...imagine as possibilidades da vida...]
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

.: DoSeS LeTaiS:.



Anti-meias verdades
Anti-silêncio gritante
Anti-desconsiderações alheias
Anti-lembranças cortantes
Anti-dias cinzas
Anti-falso amor
Anti-aperto no peito
Anti-nó na garganta
Anti-respostas infundadas
Anti-desconsolo
Anti-vista ofuscada
Anti-sonhos tomados
Anti-melancolia
Anti-saudade indevida
Anti-planos suspensos
Anti-porquês inúmeros
Anti-passos desordenados
Anti-desorientação.



Mas por favor...dai-me doses homeopáticas de força para o levantar,após cada queda.



[E o que o teu silêncio me fale cada vez mais...]