quarta-feira, 20 de maio de 2009

:: Enquanto o sono não vem... ::

(Na dúvida...fui arrastada pelos meus preciosos segundos, feito correnteza.
Veio corroendo, fazendo de mim um grande museu de pequenas coisas...)


No meio do quarto vazio, estava eu quieta sentada... despida de tudo que não fossem lembranças...
Já passava das dez da noite...
a chuva tempestiva talvez fosse a causa de constantes questionamentos e parecia que ia custar a passar....
Os relâmpados...eles eram os flashes das suas fotografias mentais, lembraças tão vivas que pareciam ter ocorrido há poucos instantes atrás...
Estranho, até parece que foi agora há pouco...- e eu só deveria continuar a ouvir o barulho de chuva, dos trovões e do coração dormente.
Mas eu senti a sua voz...

(Na dúvida...fui arrastada pelos meus preciosos segundos, feito correnteza.
Veio corroendo, fazendo de mim um grande museu de pequenas coisas...)


Palavra por palavra, parecia marcar-lhe de tal forma absurda, que nem se lembrava mais...
Não lembrava mais daquela dor provocada...sufocada...calada...
Mas lembrava daquela boca quente...do som da voz manhosa e rouca...dos movimentos tão expressivos dos lábios e, no entanto, relutantes de se expressar...da maciez da pele ao redor da boca, que lhe cobria todo o resto do corpo, tão pálido e brilhante sob a luz do luar...do corpo emaranhado nos lençóis e nos seus braços e pernas...
E meus passos seguiram em direção ao teu.
Sim.Eu vou.

(Na dúvida...fui arrastada pelos meus preciosos segundos, feito correnteza.
Veio corroendo, fazendo de mim um grande museu de pequenas coisas...)

Aquela frase simplesmente surgiu...
E mesmo se não estivessemos sob o mesmo céu,eu iria pôr asas pra te encontrar.
Sem pensar mais em nada...havia chuva.
Ilhada por entre ruas.Ilhadas de sentimentos.Ilhada de você.
Como se o mundo todo o atravessasse, penetrando sua carne por todos os poros, estancou.
O mundo parecia paralizado.

Levantei-me. O mundo, se abaixou.
A cada passo que dava o mundo saia do lugar. E assim como o mundo o trespassava tal qual punhal, expandia-se também em direção contrária...o seu eu mais íntimo, quase inalcançável, expandia e fundia-se a tudo que não era ele próprio.


(Na dúvida...fui arrastada pelos meus preciosos segundos, feito correnteza.
Veio corroendo, fazendo de mim um grande museu de pequenas coisas...)

Gastei a melhor roupa para vc não sentir.Vesti o perfume mais caro para que você não pudesse ver.Ensaiei os cabelos para nele me esconder e prendi as palavras soltas aos vento.
Recebi um fim de uma noite que não houve começo.
Começo de uma história que se inicia no fim.


(Na dúvida...fui arrastada pelos meus preciosos segundos, feito correnteza.
Veio corroendo, fazendo de mim um grande museu de pequenas coisas...)

A dúvida já parecia não ter mais tanta importância.Em seu lugar sobrepôs a dor.
E enquanto eu via o telefone tocar...parecia que podia ver que tudo estava justame
nte onde devia estar.
A distância serviu-me de abrigo. A sua ausência de companhia. A saudade me trouxe exatidão.

O coração acelerado, aquietou-se...e assim eu pude aproveitar melhor a chuva...



(Museu...dos meus preciosos segundos...fui arrastada
corroendo feito correnteza. Na dúvida de pequenas coisa...Fiz de mim, Grande...)







[Não há nada a ser esperado...e nem desesperado.]


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