quarta-feira, 2 de setembro de 2009

[ Box ]


Andei construindo vontades...onde minha fome era ventania.
Basta abrir a porta da frente e perceber que ainda estou na mesma caixinha que ele me colocou (ainda com invólucro de “Cuidado!Este lado para cima.”)
Construo então pequenas saídas...passagens secretas...pergaminhos densos por onde meus pés vão traçando caminhos para longe dele.Longe,bem longe dele e do que essa falta simboliza nessa tempestade.
Tentativas inúteis.
Ele acaba me encontrando quando de propósito cria esquinas em minhas fugas.(O secreto anda hábil em desvendar meus tesouros).
Uma espécie de omeleteria que descompassa as idéias e absorve pequenas coisas.E eu disse a ele que meu mapa continha pequenos vácuos e ilusões de ótica...e ainda assim ele acreditou que o toque era a promessa mais ousada daquele domingo de agosto.
Às favas com a pronúncia sempre tão correta e justinha nos lábios do nome dele.Não me mereço.Nem os favores,nem o cumprimento,nem a saudação de bons ventos.Quero tempestade no meu vestido e o roncar de um vento impetuoso a trazer-me boas notícias empacotadas com um laço lilás indescritível.
Tive-o em minhas mãos,no limite do meu nariz,onde todos os seus odores eram escapes para uma dor insuportável que eu chamava de vontade. E essa vontade era nominal ao invisível, (comparsa de todas as fugas).E o neguei em tantas vezes em meus delírios febris.Por tantas vezes antes que o galo anunciasse o dia,eu o neguei,cuspi sobre a face do tempo e conclui: o ontem é um copo sujo sobre a pia da cozinha em um dia de falta de d’agua e vontades.
E ainda no desenho que me marco,tenho imprimido guerras e desbravo conflitos,e ainda assim o meu discurso é de mais quimeras.
Onde me culpo se enfrento os moinhos e desbravo fantasmas?Estou eterna e limpa onde o que me finjo é a cor escarlate do meu batom e o rebu das unhas...tecendo mistérios e entrelinhas.
Quando ele muda o tom,remete-me a um passado torto...Como aquele da caixinha de música...e põe-me bailarina a rodopiar sozinha...numa caixinha de música que eu escuto sozinha...
Ele conhece a música,mas não lembra as dores que me causa quando fica estático ao meu lado...e me deixa sozinha a rodopiar na caixinha em sua mesa.(Mas é mesa é fria...e o som que canto na caixinha era um pedido de vontades imensas de dias não vividos.
Reclamo dele.A música tornara inaudível aos seus ouvidos.Reviro a caixa,finjo engano quando toca o telefone.Eu queria mesmo era o hálito quente em minhas veias e o brilho do verbo como verniz das minhas vontades.Nada disso mais me encolhe,pois o que é beco, não tem saída e nem tem parte com essa história.






[E eu continuarei a rodopiar...sozinha...sozinha...nessa caixinha de musicas]