segunda-feira, 14 de setembro de 2009

.:. SepultaMento .:.




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Dentre tantas perdas ,
coisas importantes consegui resguardar.
Esse meu direito inquestionável
De te lembrar quando quero, quando devo...
De te manter nos arquivos ,
Conservar inteiras as imagens ,
Sentir o sabor salgado de uma lágrima Que me remete ao gosto do teu suor...

Mesmo sem te ver,vejo-te sempre nessa inteirice imponente ...
Mesmo distante de mim enxergo cada limite
Sem que se emane um único não da tua boca...

Sinto o teu cheiro Ainda que eu mantenha tampado o perfume. Estás aqui Ao lado Na frente Ou em cima de mim...
Não perdi o gosto das palavras que verso em ti
De tantas quase-canções que te componho
Das palavras mortas que fizeram nosso vocabulário

Rendo-me ao tempo.
Mais uma vez...

Passado e presente em mim se confundem
E turvam a vista do amanhã.
Quase tudo se perdeu
Em nós De nós...
Mas em mim está quase tudo aqui
Não vejo
Não tenho
Não posso
Nem sei se quero...

Ignoro os lúcidos racionais aqueles bravos, que jamais sofreram por uma distancia...
E lançam os seus discursos Com intenção falida de ser borracha
Sobre nosso texto esculpido...nosso corpo tatuado Que não sai.
Assim guardo
Lembro
Canto
Escrevo
E sinto, assim eu queira,
Basta que eu abra a porta.



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[ De concreto só me restou essa última fotografia e o meu all star surrado]
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