quinta-feira, 12 de novembro de 2009

.: Branco .:.



Perdi-me num branco sem fim.


No branco de uma folha de papel.


Escondida no branco dum envelope, dobrado. Perdido no branco duns lençóis amarrotados.

Entre o branco de quatro paredes, com ouvidos e vozes. (Pilares do branco do teto, do branco dum céu... Sem estrelas nem sonhos.)
Perdi-me num branco.
De bom. E de mau.
De beijos e bofetadas.
Pancadas psicológicas que fazem sangrar.
Dum vermelho de vida. Ou de morte.
Perdi-me no branco duns olhos baços.
Baços e mortos. Mortos e frios...
De uma apatia contagiante. De uma apatia sufocante.
Perdi-me num branco sem fim.
Como uma mão branca e fria, que me tapa os olhos, todas as noites.
O branco de uma mão. Pequena e gelada.

Logo a mim... Logo eu...
Que me tinha habituado a umas mãos grandes. E quentes. E quentes. E quentes...
Perdi-me no branco de um labirinto.
Feito de muralhas cor de nada. Rodeadas dum branco espalhado em flores.
Cobertas do branco dum orvalho matinal.
Perdi-me. Como aquele dia que perdi-me da tua mão. Do teu quente. Do teu corpo, feito de reflexos brilhantes e coloridos em noites escuras.
Perdi-me num sonho. Mais um.Branco. Apagado.
Pelo branco de uma borracha que apaga sonhos, em segundos.
Que apaga sorrisos.
Com motivos e vontades.
Perdi-me num branco sem fim.
Um branco que consome.
Que engole vida e a cospe logo a seguir, sem ligar importância...
Perdi-me.
Branca. Fria.
Num nada qualquer.
Logo eu... Logo a mim... Que só queria perder-me em ti.



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[Ele chegou lá e a abraçou.
O carro não serveria mais pra quase nada.
Faltou chão,mas Ele segurou-a pela mão.
Só queria chegar logo em casa.
O corpo todo doía...mas foi meter-se debaixo do chuveiro,
onde as lágrimas se misturavam com a água bem quente que não parava mais de correr.]
"Há um segundo, tudo estava em Paz"
*