sábado, 15 de maio de 2010

.: [Vuner]habilidade .:




E mesmo não querendo,devendo não querer,não sabendo...
Sentou ao meu lado e mesmo sem querer,sem saber, com palavras, nos falamos um pouco um para o outro, assim mesmo.
Os nossos olhos se encontraram mais uma vez até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor...sem rancor.
Sentou-se apenas ao meu lado e deixamos o meu silêncio conversar com o seu.
A gente nunca precisou mesmo de palavras.

Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis.
Remexi o cérebro e elas vieram, não raras, mas toneladas!
Deixaram um gosto de poeira na boca – a poeira do que se tentava expressar, e elas dissolveram.
Quanto mais palavras ocorrem para vestir uma idéia, mais essa idéia resiste a ser identificada.
E todas essas palavras eram uma grande bolha de sabão, às vezes brilhante, mas circundando o vazio.
Ah, se eu pudesse escrever com os olhos, com as mãos, com os cabelos – com todos esses arrepios estranhos que um reencontro, como o de hoje, provoca na gente.

.

[Mas ela sabia que precisava dele.
Pelo menos naquela noite meio chuvosa e sem grandes esperanças.
Mas tinha medo da compulsão.
De querer ele sempre e sempre e pra sempre.
E amanhã e depois.E de dia, e tarde, de madrugada
De novo.
E não saber digerir tanto amor e tanto amor acabar lhe fazendo mal.
Só mais um pouquinho, pensou.
Uma lasquinha. Pra dormir feliz.
(Amanhã era amanhã. Depois ela resolvia…)
Mas abriu a porta e preferiu chorar sozinha ao travesseiro. ]

*