.
Houve dias em que eu quis controlar o relógio, mil vezes por minuto...só pra não te ver partindo...ou então pra correr e levantar para abrir a porta.
E para que você me sentisse um pouco distante e tivesse pressa em me chamar outra vez para perto, para baixo ou para cima, não sei...
Houve um tempo,em que havia um tempo alegre em te esperar.
Pensava sempre que um dia a gente ia se encontrar de novo, e que então tudo ia ser mais claro, que não iria mais haver medo nem coisas falsas...
Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez ainda de serem compreendidas - se um dia a gente se encontrasse de novo, pensava que eu falaria delas, mas agora já não será preciso.
Às vezes, quando ainda valia a pena, eu ficava horas pensando que podia voltar tudo a ser como antes. E ficava pensando às vezes como deveria ser bom ligar e dizer "aconteceu algo terrível, sinto que não vou suportar" e ouvir: "senta e me espera, to indo agora pegar um avião pra te ver".
Houve uma época que eu pensei que eu te conhecia mais do que qualquer pessoa que havia passado em sua vida.
Houve tempos em que eu acreditei que em mim sempre haveria os teus passos, e que essas cicatrizes eram pra comprovar que o que houve entre nós, era atemporal e onipresente.
E você era quem dizia que eu era tão livre, tão acima do chão. Tão acima da sua cabeça.
Mas é você quem continua indo embora, e eu continuo ficando, vendo você levar partes de mim que agora eu nem sinto mais falta.
E você continua escrevendo sua história...pulando linhas, errando palavras, esquecendo os títulos.
E eu pensava que alguns sentimentos poderiam ser imperecíveis...
Até vc me ligar ontem e nem sequer reconhecer a sua voz.Para perceber que tinha terminado, então.
[Porque a gente, alguma coisa dentro da gente,
sempre sabe exatamente quando termina -
ela repetiu olhando-se bem nos olhos em frente ao espelho. ]
*