segunda-feira, 16 de junho de 2008

[Do silêncio das coisas]



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Não falo mais tudo o que penso.
Calo-me e penso.
Calada.
Alada.
Faladas as palavras se perdem, caladas não servem pra nada.
Prefiro.
Quem dera se Também o amor não servisse pra nada.
No entanto, permanece calado.
Acalenta os corações pelo silêncio que compõe.
Cantado não é amor, mas expressão, dor-de-cotovelo, ou paixão.
Calo-me e preservo não a mim, mas às palavras.
Também uma árvore se cala para preservar seus frutos.
Também os profetas se calam para preservar a fé.
Também um livro se cala para preservar a dor.
O silêncio não fala mais que mil palavras.
O silêncio se cala; para preservar a fala.
E nem todas as palavras se perdem.
Compartilhar é poder calar-se diante do inevitável, do óbvio ou do inesperado, diante do desejado ou do indesejado.
(...)
Fosse eu um pescador, o mar seria meu lar, seu silêncio, minha expressão, e seu barulho seria o meu protesto.
Mas como não sei pescar, meu mar é o mar morto, onde bóiam densos meus leves pensamentos, no silêncio inevitável da natureza incompreendida.



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[E tu és pra mim o meu desejo realizado...aperfeiçoado...]
Isso...eu não calo!
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