quarta-feira, 13 de agosto de 2008

[Andanças]


Hoje acordei me achando boazinha demais. Freud colocaria uma interpretação fálica aqui. Mas - isso é algo que eu talvez ainda não tenha falado publicamente- eu tenho gravíssimos problemas de relacionamento com Freud. Gravíssimos. Quase a mesma problemática que tenho com a imagem de Deus que me foi apresentada pela Igreja Católica ( e por tantas outras depois). Houve um tempo que eu acreditei ter problemas com Deus, um curto limiar entre a dúvida e a descrença. Depois percebi que não, meu problema é com os homens.E palavreando Lispector,"Não ter nascido bicho é minha secreta nostalgia".
Mas não era isso que eu queria falar. Tenho mesmo essa mania de atropelar pensamentos. As vezes me sinto meio burra por conta disso. Meio aérea, meio frenética, meio louca também e mais toda essa confusa coleção de adjetivos.
Esses dias falei pra um colega (uma dessas pessoas que a gente faz amizade e fala sobre uma porção de bobagens pessoais porque tem certeza que a possibilidade de aproximações futuras é mínina), falei que já havia abusado essa minha cara de 16 anos (apesar de ultimamente estar me esforçando pra fazer juz a ela.)

Eu já sou, cronologicamente falando, uma adultinha nessa vida e continuo com cara de criança. E o colega arqueando as sobrancelhas falou assim: "É nada, te olha no espelho! Não é cara de criança que tu tem, é expressão. Não são teus traços, são os teus jeitos..."
Ontem conversando com uma amiga, falando sobre inadequações cotidianas, o mundo dos homens grandes e minhas frequentes deconexões com ele, relatei o seguinte: o que eu não sei entender é essa minha dificuldade em me manter no meio-termo: as vezes sou extremamente fria e racional e em momentos que deveria ser, me comporto de modo extremo; as vezes me encanto profundamente com algo e pouquíssimo tempo depois, com uma habilidade que até admiro, perco o interesse.

"É porque tu tem alma de criança, borboletinha!".

E eu nem sei exatamente o que ela quis dizer com essa coisa de alma, nem sei se acredito exatamente no que sei, também nem sei explicar, mas desfazendo as conotações espirituais ou exotéricas da coisa perguntei:

"E isso é bom?" "- Isso é lindo, isso é lindo!".
Hoje me olhei no espelho querendo captar esse negócio de alma-essência-jeito-modo... e nada.

Vi que meu sorriso ainda é aquele...e que os meus olhos ainda se encantam quando veem bolinhas de sabão...







[Ah,quer saber?

Cansei de ser boazinha...

Agora,eu quero ser melhor ainda!]



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