Um dia eu disse-o.
Eu sei, ainda me lembro bem, as palavras pronunciadas em tom de certeza.
Tom alto e bom som.
Certezas Deus meu...
(como se alguém tivesse alguma certeza, de alguma coisa?)
Hoje tudo soa tão distante.
O que eu sinto é a placidez de um lago com vida.
Mas sem nada mais do que isso, e o que eu queria é que tudo seguisse como se nada se perdesse...como se o tempo não nos arrancasse bocados...como se a alma não se ressentisse do frio dos dias.
Disse, é verdade!Disse-o porque sentia ou porque queira sentir.
Fiquei quando a alma corria a todo custo na direção oposta.
E o que me restou foi o fim da linha, foi te escutar desesperadamente no fim dos capítulos...pedindo ao mundo quando a fome te matava com migalhas e agonizava mesas fartas de tudo.
Acordei um dia e não soube o que fiz do tempo que passou entre o sonho e a solidão.
Hoje digo apenas que já não importa tudo o que te disse.
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“Eu sei que atrás desse universo de aparências, das diferenças (tão semelhanças) todas a esperança é preservada, nas xícaras sujas de ontem...o café de cada manha é servido.Mas existe uma palavra que eu não suporto ouvir e dela não me conformo.
Eu quase acredito em tudo ,mas eu quero você agora.
Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes, pelas tuas loucuras todas.
Eu amo as tuas mãos, mesmo que por causa delas eu não saiba o que fazer das minhas....
Amo o teu jogo triste. As tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo. Eu amo a tua alegria mesmo fora de si, eu te amo pela tua essência, até pelo que você poderia ter sido se a maré das circunstâncias não tivesse te banhado nas aguas do equívoco.
Eu te amo nas horas infernais e na vida sem tempo quando sozinha bordo mais uma toalha de fim-de-semana.Eu te amo pelas crianças e futuras rugas eu te amo pelas tuas ilusões perdidas e teus sonhos inúteis, amo o teu sistema de vida e morte, te amo pelas tuas entradas saídas e bandeiras...
Eu te amo desde os teus pés ate ao que te escapa.Te amo de alma para alma... e mais que as palavras ainda que seja através delas que eu me defendo quando digo que te amo mais que o silêncio dos momentos difíceis quando o próprio amor vacila...”
[E o fim é sempre incerto.
Assim como os meus começos e recomeços...]
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