No início pensava que me protegia de ti.
Pensava que eu, à sua semelhança, nunca saberias preencher-te.
Detestava quando me olhavas nos olhos e me dizias que estava a mentir.
Que te mentia sempre que te dizias que não me pertencia.
Detesta quando não podia te ferir com palavras, porque já as conhecias bem demais.
Detestava saber que estava à tua mercê e que apenas tu não o reconhecia.
Odiava sobretudo saber que poderia amar-te mais do que estava disposto.
E agora, entrego-te...despida de passados e futuros que não te pertencem.
A ti concedia a nudez do presente e era a ti que lhe pedias que me guardasse em suas mãos e a levasse contigo.
Venda os olhos se fores capaz e reconhece-me.Porque nossos corpos transcendem vontades e desejos...e trocam todas as palavras no silêncio.
Vem que a suas eternidades podem ser hoje e não mais.
Vem beber das minhas mãos a entrega que negou.
Não me ame sem que eu te peça.
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"Não dá pé não tem pé nem cabeça
não tem ninguém que mereça
não tem jeito mesmo
não tem nem talvez ter feito
cresça e desapareça
Não tem dó no peito
não tem jeito
não tem ninguém que mereça
não tem coração que esqueça
não tem pé não tem cabeça
não dá pé não é direito
não foi nada, eu não fiz nada disso
e você fez um bicho de sete cabeças...."
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["Não tem jeito mesmo
não tem dó no peito
não tem nem talvez ter feito..."]
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