sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

:: Convicta ::





Te escrevo agora como quem cospe um chiclete já sem gosto.
Palavras que saem duras e sem qualquer possibilidade de fazer bolas coloridas, daquelas que quando estouram grudam nos lábios e mesmo com todo esforço sempre fica um pouco.

Nada resta em meus lábios, só meu maxilar que dói ao tentar mastigar uma última vez as palavras que te cuspo.
Tentativa inútil de encontrar no mais escondido da minha boca algo que lembre o doce de antes.

Inútilmente e indiferente, cuspo na sua cara tão diferente daquela cara que fechava os olhos quando eu lia coisas macias e coloridas.

E inutilmente calo, porque mesmo que fossem bolas coloridas você não as veria. Não mais.



.


[Agora há uma ausência que dói bem menos que uma presença cortante.]
*