domingo, 23 de maio de 2010

[Presente,Pretérita e Futura]







Sem explicação, ordem e motivo, me arde uma alegria, que não aceita ser felicidade, porque a felicidade é uma palavra muito longa e a alegria tem pressa.
Não sei se é uma alegria herdada, uma alegria que esbarrou em mim e que me salvou de ter pensado demais para devolvê-la.
Uma alegria que é muscular, como se o ar fosse uma guitarra encordoando o ar, e houvesse um amor me pedindo para falar baixo nos ouvidos ou uma criança me chamando pelo apelido.

Uma alegria sem dono.A não ser, eu mesma.
Uma alegria de deitar na grama e sentir que está molhada e não se importar com a roupa suja e não se importar com a hora e com os modos, uma alegria que é inocência, mas sem culpa para acabá-la.
Uma alegria que é descobrir os objetos no escuro. Uma alegria repentina, que me faz entortar o rosto para rir, que não me faz pôr a mão na boca com medo dos dentes, que me impede de me proteger.
Uma alegria de ficar como os anjos e suas asas pesadas como duas montanhas nas costas...Uma alegria de barca, que é empurrada ao seu início. Uma alegria de perceber que quanto mais gasto o tempo com os outros mais sobra para mim.
Alegria de vida barata e da morte cara.
Uma alegria sem saber para que serve, para onde vai...
Uma alegria que não volta para a estante porque não saiu de nenhum livro lido.
Uma alegria que se antecipa e faz sala ao quarto.
E quase me faz acreditar que sou possível.






["Porque hoje eu vou fazer, ao meu jeito eu vou fazer...
um samba sobre o infinito..."