domingo, 11 de abril de 2010

.:. Quelqu'un m'a dit .:.

(sim...alguém me disse...)
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Você sempre me disse que sua maior mágoa era o fato de eu já ter vivido tanto e nunca poder viver algo comigo pela primeira vez.

Mas eu nunca tinha escrito um texto sobre você. Nem que fosse te xingando, te expondo. Qualquer coisa.

Você dizia que sempre foi aquele que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado.

Você sempre foi o único amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo quando chegava a madrugada. E o único que sempre entendia também, eu dormir meio chorando nos seus braços (porque é impossível abraçar sequer alguém, o que dirá o mundo.)

Outro dia,vendo as fotos dos meus últimos aniversário,em todos estava vc lá.E na legenda de uma delas,tinha escrito: “Uma presença,um presente...” Ele, no caso, é você. Dei risada e lembrei que em todos esses anos, mesmo eu nunca tendo escrito nenhum texto para você, eu por diversas vezes larguei vários namorados meus, sentados, e dancei com você,passei horas a fio a conversar e rir com vc. Porque você era o meu melhor companheiro de dança, melhor companheiro de tudo e de nada.

Eu não sei porque exatamente você não mereceu um texto meu, quando me deu meu primeiro Cd de Trance. Ou quando me conta aquelas historinhas de crianças para eu dormir feliz. Ou mesmo quando, já de saco cheio de eu ficar mais metade da cidade, você ainda sempre tinha paciência de escutar todas as minhas dores de amor. Ou quando a gente se ligava e passava horas a conversar no telefone coisas que só pra gente fazia sentido.

Também não sei porque eu não escrevi um texto sobre a sua cara emburrada e o olhar atravessado para mim quando eu bebia demais numa festa...e me dizia uma das frases mais linda que eu já ouvi “E mesmo qndo tu não precisar,eu vou está sempre aqui.”
Quando eu sai daquela festa chorando,desorientada e te liguei no meio da noite.Vc largou tudo e me pôs em seus braços.Chorei como uma mulher,depois me fez rir feito menina.Ou quando eu adoeci e vc me levou ao hospital,ficou ao meu lado e fez ser um dos sábados a noite mais divertidos que eu já vivi.

Eu devia ter escrito sobre os seus conselhos,quando eu te perguntei se eu deveria ir para aquela cidade,onde fui atrás de um sonho,e vc disse “Tenha calma...não vá agora”...e eu fui! Depois me recebeu de volta com olhos sorrindo,sem nunca me perguntar o que houve...enquanto em meu ser era só dor.
Mas você estava ali.

Talvez eu devesse ter escrito um texto para você, quando eu te pedi “me faz companhia para eu dormir” enquanto eu chorava por ter mais uma vez o coração partido.
E você fez.

E você me olhava de canto de olho, mesmo quando eu não seguia os seus conselhos.
Talvez porque mesmo sabendo que eu não amava você como homem, você continuava querendo apenas me olhar. E eu me nutria disso. Me aproveitava. Sugava seu amor para sobreviver um pouco em meio a falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo.

E juntos vivemos a metamorfose de um sentimento.Ao ponto de chegarmos a acreditar que poderíamos ser um do outro e mais um pouco.E ainda assim...nem sequer algumas palavras a ti.

Depois eu também podia ter escrito sobre aquele dia em que te xinguei até desopilar todos os cantos do meu fígado. Eu fiquei numa tristeza absurda,mas depois entendi que nunca te pedia nada...mas esperava tudo de você.
E fiquei feliz.

Hoje eu queria ter vontade de nos xingar quanto pudéssemos ouvir, desde que isso signifique o amor que tínhamos por nós e a gente consiga escutar os ar que saía dos nossos pulmões...e saber que ainda há resquícios de nós dois.

Minhas piadas, meu jeito de falar, até meu jeito de dançar ou de andar. Tudo é você. Minha personalidade era você.
Quando a gente voltou de uma certa viagem e eu berrava Strokes no carro,quando a gente coloca o Trance alto no carro.Qndo outra viagem paramos numa estrada linda e ficamos um tempão a observá-la...e sorrimos agradecendo por ta vivendo aquilo.
(Nosso Universo paralelo lembra?)
Tudo é você. Quando a gente dançava no quarto ou adormecia no tapete. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Quando vc chegava no meio da noite ,no meio do dia...no meio da tarde.Qndo pulava o meu muro pra me fazer surpresa...
Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer pessoa que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo,e eu sempre te falava isso...
E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você.
Até hoje. Até aquela manhã. Em que você, pela primeira vez, quase foi embora.Com minha despedida nada ensaida e frases não-feitas,quase foi embora...
Deixando apenas uma vontade não concebida de tantas coisas que eu deveria te falar.
Foi a primeira vez, em todos esse anos, que eu simplesmente quase fui embora. Como se vc fosse só mais uma coisa da minha vida cheia de coisas que não são tão minhas,e que eu uso para não sentir dor ou saudade.

Foi a primeira vez que eu parei de te ver e te enxerguei. Ofuscando o teu brilho em mim refletido na minha cara borrada.
Foi a primeira vez que eu dei as costas a você. A primeira de tantas...de tantas que vieram...

(e tantas que virão)


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["Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes.
Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido."]