quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

.: EnJoy the Silence.:

.


Silenciem os relógios.
um instante de silêncio por cada um de nós...
Por tudo que fizemos sem dever.
Por tantos desenganos,
por cada chance que deixamos passar ...

Simplesmente passar.
Silêncio!
Por cada arrependimento...
por chorarmos tanto quando devíamos ser fortes ... apenas ser fortes.
silêncio por tudo que deixamos de fazer.
[por tudo que eu nunca te disse]
por tudo que nunca vou dizer.
por tudo que nos permitimos esquecer.

[ainda que tão dolorosamente]




.



"Te vejo errando e isso não é pecado,

Exceto quando faz outra pessoa sangrar

Te vejo sonhando e isso dá medo

Perdido num mundo que não dá pra entrar

Você acha que eu sou louca,mas tudo vai se encaixar
Tô aproveitando cada segundo antes que isso aqui vire uma tragédia...

E não adianta nem me procurar em outros timbres, outros risos...

Eu estava aqui o tempo todo só você não viu.

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem

Dessa vez eu já vesti minha armadura.

E mesmo que nada funcione,eu estarei de pé, de queixo erguido.

E não adianta nem me procurar em outros timbres,outros risos.

Eu estava aqui o tempo todo só você não viu...

Só por hoje não quero mais te ver.

Só por hoje não vou tomar minha dose de você

Cansei de chorar feridas que não se fecham, não securam.

E essa abstinência uma hora vai passar..."

*

[Você passa por mim em silêncio...e eu ainda escuto o barulho que a gente fez...]



*


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

::ErrôNeA ::

.

No início pensava que me protegia de ti.

Pensava que eu, à sua semelhança, nunca saberias preencher-te.

Detestava quando me olhavas nos olhos e me dizias que estava a mentir.

Que te mentia sempre que te dizias que não me pertencia.

Detesta quando não podia te ferir com palavras, porque já as conhecias bem demais.

Detestava saber que estava à tua mercê e que apenas tu não o reconhecia.

Odiava sobretudo saber que poderia amar-te mais do que estava disposto.

E agora, entrego-te...despida de passados e futuros que não te pertencem.

A ti concedia a nudez do presente e era a ti que lhe pedias que me guardasse em suas mãos e a levasse contigo.

Venda os olhos se fores capaz e reconhece-me.Porque nossos corpos transcendem vontades e desejos...e trocam todas as palavras no silêncio.

Vem que a suas eternidades podem ser hoje e não mais.

Vem beber das minhas mãos a entrega que negou.

Não me ame sem que eu te peça.



.




.
.
.

"Não dá pé não tem pé nem cabeça

não tem ninguém que mereça
não tem coração que esqueça


não tem jeito mesmo
não tem dó no peito


não tem nem talvez ter feito
o que você me fez desapareça


cresça e desapareça


Não tem dó no peito

não tem jeito

não tem ninguém que mereça


não tem coração que esqueça

não tem pé não tem cabeça

não dá pé não é direito

não foi nada, eu não fiz nada disso

e você fez um bicho de sete cabeças...."




.



["Não tem jeito mesmo
não tem dó no peito
não tem nem talvez ter feito..."]


*

.:. Silênciosa Lisergia .:.


Saiu a caminhar...como se em cada passo quisesse deixar muita coisa para tras.
Sentia os grãos de areia sob os seus pés.
Havia a leveza do mar...e o encanto do céu estrelado na sua cabeça.

Haviam as pessoas...havia a fogueira e o som das notas...melodias e batucadas.
E cores.
Pessoas que a amavam...pessoas que se amavam.
Energia.Sim...boas energias.

Mas nos seus passos...precisou seguir só...como se quisesse abstrair cada pedaço do que chamariam de dor.
O mundo abriu-se a sua frente.
E mostrou o quanto pessoas ainda podem ser incrédulas e banais.
Queria ficar só.
E não queria mais fogueira,estrelas,amigos,mar,passos,promessas,lembranças...

Voltou pra casa em passos largos.Queria correr....correr...
Não queria olhar pra nada a não ser o seu chão
(e onde estaria ele?)

Deitou-se encolhida...abraçou-se...
( como se assim o espaço para a dor fosse diminuir).
Não queria pensar.Não queria existir.
Não queria aquela mão gigante apertando o peito.

As pernas tremiam...e a cabeça não parava.
Havia conversas,mas havia a ausência de palavras.
Pessoas lá fora.
Sentia frio.E ainda havia a fogueira.





Ouviu passos .
(Fechou os olhos como se ninguém pudesse vê-la.)
E permaneceu estática.

Ele aproximou-se.Sentiu seus cabelos sendo acariciado.
A lágrima caiu.Ele a cobriu com um cobertor com cheiro de lavanda.
Sentou-se ao seu lado.
Segurou sua mão e beijou-lhe a testa.

Disse-lhe que ela não precisava falar nada,se não quisesse.
Passou as pernas dele por cima das suas pernas trêmulas.
Acolheu-a no seu colo,aparando as lágrimas.
Sussurrou uma canção em seus ouvidos...e ali...silenciosamente...em seus braços a fez adormecer.


É...tens razão...a busca pela felicidade justifica a existência...





[Obrigada por vc ser você]



*

domingo, 20 de dezembro de 2009

"Tire o seu sorriso do caminho...

...que eu quero passar com a minha dor."
.
.
.




.
.
" When you ain't got nothing, you got nothing to loose .
You're invisible now, you've got not secret to conceal..."
-Bob Dylan-






[E disse a mim mesma "estou bem"

E mostrei o meu sorriso habitual.

Eu não me senti em desespero

Mas em mais um tipo de desafio...]



*


.: Desdizendo :.

(agora o oposto do que eu disse antes)
.
.
.
.




" E eu me sinto uma imbecil.
Repetindo, repetindo, repetindo...
Como num disco riscado
O velho texto batido
Dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos....

Cutucando, relembrando, reabrindo a mesma velha ferida.
E é pra não ter recaída, Que não me deixo esquecer:
Que é uma pena,mas vc não vale a pena.
Não vale uma fisgada dessa dor...

-Maria Rita-





[E eu ainda peco...
pelas minhas faltas e pelos meus excessos.]
*

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

.: ControVersa.:

.

Um dia eu disse-o.
Eu sei, ainda me lembro bem, as palavras pronunciadas em tom de certeza.
Tom alto e bom som.
Certezas Deus meu...
(como se alguém tivesse alguma certeza, de alguma coisa?)
Hoje tudo soa tão distante.
O que eu sinto é a placidez de um lago com vida.
Mas sem nada mais do que isso, e o que eu queria é que tudo seguisse como se nada se perdesse...como se o tempo não nos arrancasse bocados...como se a alma não se ressentisse do frio dos dias.
Disse, é verdade!Disse-o porque sentia ou porque queira sentir.
Fiquei quando a alma corria a todo custo na direção oposta.
E o que me restou foi o fim da linha, foi te escutar desesperadamente no fim dos capítulos...pedindo ao mundo quando a fome te matava com migalhas e agonizava mesas fartas de tudo.
Acordei um dia e não soube o que fiz do tempo que passou entre o sonho e a solidão.
Hoje digo apenas que já não importa tudo o que te disse.
.







.


“Eu sei que atrás desse universo de aparências, das diferenças (tão semelhanças) todas a esperança é preservada, nas xícaras sujas de ontem...o café de cada manha é servido.Mas existe uma palavra que eu não suporto ouvir e dela não me conformo.
Eu quase acredito em tudo ,mas eu quero você agora.
Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes, pelas tuas loucuras todas.
Eu amo as tuas mãos, mesmo que por causa delas eu não saiba o que fazer das minhas....
Amo o teu jogo triste. As tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo. Eu amo a tua alegria mesmo fora de si, eu te amo pela tua essência, até pelo que você poderia ter sido se a maré das circunstâncias não tivesse te banhado nas aguas do equívoco.
Eu te amo nas horas infernais e na vida sem tempo quando sozinha bordo mais uma toalha de fim-de-semana.Eu te amo pelas crianças e futuras rugas eu te amo pelas tuas ilusões perdidas e teus sonhos inúteis, amo o teu sistema de vida e morte, te amo pelas tuas entradas saídas e bandeiras...
Eu te amo desde os teus pés ate ao que te escapa.Te amo de alma para alma... e mais que as palavras ainda que seja através delas que eu me defendo quando digo que te amo mais que o silêncio dos momentos difíceis quando o próprio amor vacila...”



[E o fim é sempre incerto.
Assim como os meus começos e recomeços...]
*

.: BanQueTe :.


Sentei à mesa uma outra vez.
Tomamos os nossos lugares e ajeitamos as cadeiras.
Colocamos os guardanapos no colo e enchemos mais uma vez as taças com uma safra qualquer. Esperemos um pouco mais...acendemos as velas para que a nossa encenação de felicidade seja mais perfeita.
(Não sei porque precisamos de fingir intimismo e intimidade.)
Vais levar o copo aos lábios para não provares os meus e eu vou escolher o lugar mais afastado do teu para não encostares a tua cabeça no meu ombro.
Vamos trocar palavras circunstanciais e levantarei para retocar a maquiagem e carregar no batom e não te beijarei porque, como te disse, não queres que fiques manchado.
Tu, por sua vez, vai sorrir e fingi agradecer a minha preocupação.
Vamos reger o nosso silêncio sob a batuta dos talheres a bater nos pratos e temperá-lo com os comentários educados sobre o requinte da comida.
Recusaremos ser servidos, alegando estar satisfeitos e as travessas continuarão dispostas sobre a mesa onde nos sentávamos.
Assim está o meu amor, onde acabo por me recusar aos poucos e a escassez dos afetos vai sendo cada vez mais gritante.
(Hoje nem as migalhas tenho para oferecer...porque agora sempre insisto em sacudir a toalha.)
.




[E só pra não esquecer:
Quando fores embora
Leva os discos,
os sapatos,
a velha máquina de escrever,
e dá um jeito de caber na mala
todo o amor que não me deste.]
*

sábado, 12 de dezembro de 2009

.:. Pra não dizer que não falei das flores...

.
.
.


.

"Não digas nada!
Nem mesmo a verdade...
Há tanta suavidade em nada se dizer E tudo se entender
- Tudo metade De sentir e de ver...
Não digas nada.
Deixa esquecer...
Talvez que amanhã
Em outra paisagem Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz.
Não digas nada. "


- Fernando Pessoa -
.
.
..
"Não vale uma fisgada dessa dor..."
.
.
.
.
.
[Shhhh...prefiro o meu silêncio...!
Cansei de ter razão,agora só busco minha Paz.
Favor não bata a porta ao sair e apague a Luz.]
*