terça-feira, 27 de abril de 2010

.:. TrASeiRo .:.


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A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso.
Acho que não ultrapasso e quando o faço, nem noto.

O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor.

Retrovisor é passado
É de vez em quando... do meu lado
Nunca é na frente .
É o segundo mais tarde... próximo... seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu...

Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento.

Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento...
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi... calçadas e avenidas...

Deixa explícito que se vou pra frente,
Coisas ficam para trás .

A gente só nunca sabe... que coisas são essas.

-O TEATRO MÁGICO-



[Muitas...muitas coisas foram preciso ser deixada pra tras...]

domingo, 25 de abril de 2010

.:. Espaços .:.


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Naquela sala...onde havia um tapete sobre o qual pousavas os pés descalços...
Na minha sala(onde mais parecia nossa), as paredes beges contrastavam com o marrom do tapete e o verde das almofadas que geometricamente eu tentava arrumar e a mesa de vidro...afinal sempre gostei de (alguma) transparência.

Nessa sala, as frestas de luz iluminavam as sombras do que sentias e as páginas dos livros que folheavas.
Na minha sala imaculadamente limpa, os copos não podiam ser pousados em qualquer lugar, as manchas eram inadmissíveis e o pó um visitante desconfortável e indesejado.

Nesse lugar onde vivias, todas as tuas pequenas imperfeições não podiam ser vistas, todas elas moravam debaixo do tapete, o espaço para onde eu varrias para que não ficassem à vista e violassem a absoluta quietude e perfeição do nosso espaço.

Debaixo do conforto superficial do tapete que nunca foi como o tapete da entrada onde toda a gente limpava os pés da sujeira acumulada.

Apenas fingias esquecer-me de uma coisa... a tua dualidade sempre se sentou ao teu lado na sala...e por você eu sempre quis ignorar que todos os tapetes precisam ser sacudidos e se não o fizer, alguém acabará por fazê-lo e tudo o que eu varria para lá, o tornaria tão sujo como o da entrada.

Sei que vivias na minha casa e nunca alguém antes compartilhava tanto o meu espaço comigo.Tinhas as chaves da porta e que tomaste lugar em cada pedaço do meu lar.

Foste tu,que dia a dia foi conhecendo todas as divisões e te tornaste tão familiar como a disposição dos sentimentos e os contrastes gritantes das cores. Da minha parte sempre preferi a geometria das mobílias e os tons quentes da minha intensidade, do teu lado havia a tranquilidade das cores e a contenção.

Pouco a pouco foste encontrando lugar em mim e marcaste presença com as tuas chaves perdidas com displicência e as cinzas dos cigarros abandonados nos cinzeiros.
Abrias as minhas janelas de par em par para arejar as divisões da saturação dos cheiros antigos, talvez porque ao abri-las estivesses a abrir também as tuas.
Havia encontro e aquele espaço também te pertencia.

Não sei há quanto tempo deixaste de morar em mim como moravas, nem tão pouco sei se o saberás.
Há quanto tempo deixei de morar em ti?
São respostas que não queremos obter, mais por medo, culpa, orgulho, raiva ou perda. Porque é o medo e a raiva que (ainda) nos aproximam, estranha ligação esta, que tão pouco sobrou do que um dia nos uniu.

As perguntas são reticências e incertezas e as respostas são definitivas, pontos finais e constatações.
Já há tanto tempo que não abro as janelas, já há tanto tempo que não encaixoto as coisas e mudo as mobílias de lugar.
Mas ainda há tanto por arrumar...e nós vamos adiando enquanto esta espera se arraste e (me) consome e percebo que você na verdade,nunca pertenceu realmente a esta casa.

Fechei a porta com estrondo e joguei fora tuas chaves...
E desde então que foste embora,como se fosse vc quem tivesse me abandonado...o espaços que ocupavas, está para alugar...


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["E se você sentir saudades,por favor não dê na vista..."]
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sábado, 24 de abril de 2010

.:. [inad]equações Cotidianas .:.




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O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...


-Álvaro de Campos-


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[Cansaço de até perder tempo imaginando o que se

passa no coração das pessoas.
Vontade de tomar um uísque num bar em qualquer

lugar do mundo, sozinha,

observando a grande comédia humana

-mas de longe, como espectadora.]


*

domingo, 11 de abril de 2010

Do que eu não te falei...



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Covarde!E isso tudo não passa de uma grande covardia.

Todo esse medo, toda essa luta vã de esconder-se, enquanto procura o que não existe naquilo que imagina já ter encontrado.
É uma grande covardia correr em círculos naquilo que já conhece, no que não há saída, tampouco direção.

É algo covarde apostar em perder algo que já o teve, por julgar conhecer a dor, por acreditar que se supera mais fácil perder o que já foi perdido, acreditar que "fazer o certo" agora seja uma maneira de se apagar cicatrizes incuráveis...que se ameniza uma dor...que se apaga o arrependimento.

É mais covarde ainda escolher a dedo um coração fechado, procurar no pior motivos para não sentir a culpa da incapacidade de acreditar no amor, de imaginar que sofre menos quando se fizer acreditar que foi perdido, e não, que o perdeu.

Uma grande covardia é mentir a si mesmo e acreditar que não mereça algo melhor, que não se é capaz de corresponder a algo verdadeiro.

Pensar que todas as pessoas são covardemente iguais, que tudo se resume a um estúpido ciclo doentio, com as mesmas dores.

É a covardia mais estúpida privar um sentimento pensando em sofrimento, mentido a si mesmo, já sofrendo por não conseguir esconder-se dele, encontrando-se sem coragem de encará-lo.

É uma grande hipocrisia condenar-se a ser sozinho de mãos dadas com a covardia, olhando-se no espelho repetindo "Oi" a uma estranha.


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["Favor alguém me dê um coração.
Que esse já não bate nem apanha...
Por favor,uma emoção pequena.
Qualquer coisa que se sinta!
Tem tantos sentimentos,deve tera algum que sirva..."]
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.:. Quelqu'un m'a dit .:.

(sim...alguém me disse...)
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Você sempre me disse que sua maior mágoa era o fato de eu já ter vivido tanto e nunca poder viver algo comigo pela primeira vez.

Mas eu nunca tinha escrito um texto sobre você. Nem que fosse te xingando, te expondo. Qualquer coisa.

Você dizia que sempre foi aquele que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado.

Você sempre foi o único amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo quando chegava a madrugada. E o único que sempre entendia também, eu dormir meio chorando nos seus braços (porque é impossível abraçar sequer alguém, o que dirá o mundo.)

Outro dia,vendo as fotos dos meus últimos aniversário,em todos estava vc lá.E na legenda de uma delas,tinha escrito: “Uma presença,um presente...” Ele, no caso, é você. Dei risada e lembrei que em todos esses anos, mesmo eu nunca tendo escrito nenhum texto para você, eu por diversas vezes larguei vários namorados meus, sentados, e dancei com você,passei horas a fio a conversar e rir com vc. Porque você era o meu melhor companheiro de dança, melhor companheiro de tudo e de nada.

Eu não sei porque exatamente você não mereceu um texto meu, quando me deu meu primeiro Cd de Trance. Ou quando me conta aquelas historinhas de crianças para eu dormir feliz. Ou mesmo quando, já de saco cheio de eu ficar mais metade da cidade, você ainda sempre tinha paciência de escutar todas as minhas dores de amor. Ou quando a gente se ligava e passava horas a conversar no telefone coisas que só pra gente fazia sentido.

Também não sei porque eu não escrevi um texto sobre a sua cara emburrada e o olhar atravessado para mim quando eu bebia demais numa festa...e me dizia uma das frases mais linda que eu já ouvi “E mesmo qndo tu não precisar,eu vou está sempre aqui.”
Quando eu sai daquela festa chorando,desorientada e te liguei no meio da noite.Vc largou tudo e me pôs em seus braços.Chorei como uma mulher,depois me fez rir feito menina.Ou quando eu adoeci e vc me levou ao hospital,ficou ao meu lado e fez ser um dos sábados a noite mais divertidos que eu já vivi.

Eu devia ter escrito sobre os seus conselhos,quando eu te perguntei se eu deveria ir para aquela cidade,onde fui atrás de um sonho,e vc disse “Tenha calma...não vá agora”...e eu fui! Depois me recebeu de volta com olhos sorrindo,sem nunca me perguntar o que houve...enquanto em meu ser era só dor.
Mas você estava ali.

Talvez eu devesse ter escrito um texto para você, quando eu te pedi “me faz companhia para eu dormir” enquanto eu chorava por ter mais uma vez o coração partido.
E você fez.

E você me olhava de canto de olho, mesmo quando eu não seguia os seus conselhos.
Talvez porque mesmo sabendo que eu não amava você como homem, você continuava querendo apenas me olhar. E eu me nutria disso. Me aproveitava. Sugava seu amor para sobreviver um pouco em meio a falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo.

E juntos vivemos a metamorfose de um sentimento.Ao ponto de chegarmos a acreditar que poderíamos ser um do outro e mais um pouco.E ainda assim...nem sequer algumas palavras a ti.

Depois eu também podia ter escrito sobre aquele dia em que te xinguei até desopilar todos os cantos do meu fígado. Eu fiquei numa tristeza absurda,mas depois entendi que nunca te pedia nada...mas esperava tudo de você.
E fiquei feliz.

Hoje eu queria ter vontade de nos xingar quanto pudéssemos ouvir, desde que isso signifique o amor que tínhamos por nós e a gente consiga escutar os ar que saía dos nossos pulmões...e saber que ainda há resquícios de nós dois.

Minhas piadas, meu jeito de falar, até meu jeito de dançar ou de andar. Tudo é você. Minha personalidade era você.
Quando a gente voltou de uma certa viagem e eu berrava Strokes no carro,quando a gente coloca o Trance alto no carro.Qndo outra viagem paramos numa estrada linda e ficamos um tempão a observá-la...e sorrimos agradecendo por ta vivendo aquilo.
(Nosso Universo paralelo lembra?)
Tudo é você. Quando a gente dançava no quarto ou adormecia no tapete. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Quando vc chegava no meio da noite ,no meio do dia...no meio da tarde.Qndo pulava o meu muro pra me fazer surpresa...
Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer pessoa que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo,e eu sempre te falava isso...
E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você.
Até hoje. Até aquela manhã. Em que você, pela primeira vez, quase foi embora.Com minha despedida nada ensaida e frases não-feitas,quase foi embora...
Deixando apenas uma vontade não concebida de tantas coisas que eu deveria te falar.
Foi a primeira vez, em todos esse anos, que eu simplesmente quase fui embora. Como se vc fosse só mais uma coisa da minha vida cheia de coisas que não são tão minhas,e que eu uso para não sentir dor ou saudade.

Foi a primeira vez que eu parei de te ver e te enxerguei. Ofuscando o teu brilho em mim refletido na minha cara borrada.
Foi a primeira vez que eu dei as costas a você. A primeira de tantas...de tantas que vieram...

(e tantas que virão)


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["Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes.
Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido."]



.:. Saudação .:.



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"Aí estava o mar, a mais ininteligível das existências não-humanas.
E ali estava a mulher, de pé, o mais ininteligível dos seres vivos.
Como o ser humano fizera um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornara-se o mais ininteligível dos seres onde circulava sangue.

Ela e o mar.

Só poderia haver um encontro de seus mistérios, se um se entregasse ao outro:
a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões..."


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[Metade da minha alma, é feita de maresia...]

sábado, 10 de abril de 2010

:: Miedo ::





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"Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor

Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo

Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão

Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez

Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo... que dá medo do medo que dá
Medo... que dá medo do medo que dá..."

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[Costumava a dividir o tempo em três partes:
Passado,presente e futuro...até conhecer a voz doce e o sorriso da Sofia.

Agora vejo que essa divisão tornou-se efêmera.
O tempo é realmente passado e futuro;já que o presente não faz parte do tempo!
O presente faz parte da eternidade.

Nunca passa aquilo que está sendo; estará sempre aqui...e agora...]

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