quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

:: Infinitas! ::

Como dizia Einsten,Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana!

.



- Por que você ta com essa cara,minha menina?
- Porque querem me obrigar a dizer A.
- E por que não queres dizer A?
- Porque assim que eu tiver dito A, vão me obrigar a dizer B…

.





"Aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes
para despertar a suavidade alheia, e mesmo assim insisto.”

C.F.A



[Horário comercial.
Vampiros.
Pessoas que tentam sugar minhas boas energias.
Meu sangue é doce...mas meus anticorpos habitam em meus poros...]
*

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

:: Prato de flores ::




Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum.
E de repente me sentia protegida, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido...
Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa.



Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos...

(...)

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração.

Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível"

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu o olhava.

(...)

A vida seguirá no seu tempo, na distância, na poeira soprando.
Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, quando cansada tenho vontade de deleitar em seus braços.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor.

Curvo a cabeça, agradecida.
E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir medo.



C.F.A.







[Faz de conta que ela não estava chorando por dentro.
Pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado.

...É só esta vontade quase simples de estender os braços para tocar você.]
*

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mais uma vez:

...Darei ouvido a voz rouca do meu coração.







Olhando pra foto,me recordei rapidamente de todas as pessoas e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter muita curiosidade do mundo e dificuldade em ser permanente...





[E que me bateu um arrependimento de
ter sido sensata e ter voltado para essa cidade...]
*

.:. [Oh]Linda's! .:.





.


Lembrei que tinha lido em algum lugar que a dor é a única emoção que não usa máscara.
Havia a dor, mas aquela coisa daquela hora que a gente estava sentindo - e eu nem sei se era alegria- também não usava máscara.
Então pensei devagar que era proibido ou perigoso não usar máscara.Ainda mais no Carnaval.


Caio Fernando Abreu






"Se as semelhanças aproximam,senti muito orgulho de ser quem eu sou."




[Há momentos em que Deus nos tira um pé, para que possamos ver
quantas mãos têm a nossa espera...]
*

:: Das esperas ::



.


"Sinto que vale a pena esperar por você
e sentir meu peito acordar pra te ver
Sorrindo... chegando... invadindo...
Chamando meio sem querer, querendo...
Só eu sei o quanto estou feliz.


Foi por um triz que o destino me deu
Seu olho paralisado no meu
É só ficar do seu lado
Que o mundo melhora ...


(...)
Meu caminho em cada linha da sua mão
Pra você entreguei esse meu coração
Meu carinho só tinha de ser pra você
Valeu a pena esperar...
Por você."
David Duarte
.





[No fim destes dias encontrar você que me sorri,
que me abre os braços, que me abençoa
e passa a mão na minha cara marcada,
na minha cabeça confusa,
que me olha nos olhos e me permite mergulhar
no fundo quente da curva do teu ombro.
Mergulho no cheiro que não defino,
você me embala dentro dos seus braços
e você me beija
e você me aperta
e você me aquieta repetindo que vai ficar tudo bem,
tudo, tudo bem...]
*

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

:: Quarta de Cinzas ::


Olhava as ladeiras por inteira, a cidade ainda em cores,mas agora em silêncio.Havia um arrepio a correr-me por dentro.Ainda era verão, mas naquele dia resolveu nascer menos brilhante.

O meu coração veio a flutuar desde lá de baixo, quando me deixei ancorar na margem daquele rio que pecorre toda a cidade. Atravessou o Cais, deu uma volta pelo Quatro Cantos, para, finalmente, aterrar em você.

Sinto-me anestesiada e em frenezi.Como que em solidariedade, até me parece confortar.

Consome-me já uma saudade melancólica da sua imagem que existiu à minha volta, como a falta que se sente de alguém que se sabe que se pode perder na distancia, mesmo ainda não o tendo, de fato, perdido e ainda o tendo nos braços.

Acordei desta sensação solitária com a mão dele a apertar a minha. Já quase o esquecia ao meu lado, não fosse um calor protetor e invisível - aos olhos - ter-me sempre aconchegado, desde o início da caminhada.

Olhei para o lado e o vi sempre ali ao alcance de minhas mãos e preenchendo o vazio com coisas novas e concretas.De repente, no caminho de volta,ri como se nada de demasiado grave houvesse no mundo e nunca, ainda, lhe tivessem feito mal, nem receasse poderem vir a calar-lhe esse riso.

Eu fico a olhá-lo e admira-lo .E sinto-me preenchida por tudo que vem dele.
E fomos, então, duas almas encontradas a pairar no meio da praça,na beira do rio,com encontro marcado entre milhões de pessoas,cobertos de vontades e descobertas... que riam alheias aos olhares e aos cochichos.

Quando o abracei para ir embora, a minha angústia pareciam lágrimas de um sentimento gigante a cair-me dos olhos.
E é assim que deixamos acalmar o riso, para descansarmos no ombro um do outro.

Não sei quanto tempo passou, nem se foi sonho ou fantasia, mas quando desfizemos esse abraço, fui embora sem olhar pra tras e só via um rosto que me acalma e me fortalece.
Mas, ao concentrar-me melhor, constato que basta eu fechar meus olhos que ele continuou a morar no fundo deles.

Quando soltei a sua mão, não sorri-me o último suspiro prolongado deste nossos dias.Mas eu sei que, aqui, a distância nunca será nada para o que une as almas.

Olhei a cidade inteira, agora com um sorriso mais descontraído, porque, lembro-me, a minha casa é onde está o meu coração.Pensava coisas bobas... sentada na janela do ônibus, encostando a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e pensava demais em você...

Sei que era necessário recomeçar a caminhar, não sei bem para que direção,mas apenas levando uma das minhas duas moradas ao meu lado, para sentir você segurando a minha mão e dominando meus pensamentos...

(...)


Qualquer coisa que chamam de impossível...fez-me acreditar.
.





["Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o mês,
não são muitos, pensarás com alívio.
Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis
e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho."
C.F.A.]


*

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

:: Convicta ::





Te escrevo agora como quem cospe um chiclete já sem gosto.
Palavras que saem duras e sem qualquer possibilidade de fazer bolas coloridas, daquelas que quando estouram grudam nos lábios e mesmo com todo esforço sempre fica um pouco.

Nada resta em meus lábios, só meu maxilar que dói ao tentar mastigar uma última vez as palavras que te cuspo.
Tentativa inútil de encontrar no mais escondido da minha boca algo que lembre o doce de antes.

Inútilmente e indiferente, cuspo na sua cara tão diferente daquela cara que fechava os olhos quando eu lia coisas macias e coloridas.

E inutilmente calo, porque mesmo que fossem bolas coloridas você não as veria. Não mais.



.


[Agora há uma ausência que dói bem menos que uma presença cortante.]
*

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

:: "Afasta de mim esse Cale-se...!"


.


Ela tinha escrito muitas linhas para dizer que descobriu o quanto ele era hipócrita,incrédulo e banal...Mas lembrou-se do quanto que ele é hipócrita,incrédulo e banal e decretou o fim das reticências.

.

Ela adormece.
Passarão dias, meses e anos.
Sararão as feridas.
Passará o gosto de fel na boca.
Cessarão as incertezas.

E assim

Curam-se os choros.
Curam-se os gritos.
Curam-se as indiginações.

Morre o se importar.
Morre o se preocupar.

Libertam-se o coração, a alma e a mente.
Ela, enfim, é dela mesma.
Está livre.

Ponto final

.


.
.



"I'm screaming at the top of my voice,
Give me reason, but don't give me choice."



[E todas as pessoas que eu já me esqueci,
parecem agora ter a sua cara.]

*

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

*~. Mas ainda é verão... .~*



No começo eu quis falar...

Queria mostrar alguma coisa, qualquer coisa, uma coisa que demonstrasse que eu queria alguma resposta, mesmo não sabendo o que perguntar...

Depois de algum tempo, de um tempo em que só ele falou, comecei a compreender algumas coisas, e então não senti mais vontade nenhuma de perguntar qualquer coisa que fosse...


Eu só queria conhecer mais sobre aquela pessoa que me parece tão gritante...


E é isso que a gente continuou fazendo enquanto caminhávamos, e naquele abraço de despedida no elevador,eu senti que não queria mais perguntar nada, e muito menos entender, só queria estar ali, se possível, com alguma frequência...


E que bom que eu quis conhecer um pouco mais...



As coisas e as pessoas só são em totalidade quando não existe perguntas...
(ou pelo menos quando essas perguntas não são feitas).


.




*
*




"Se eu peco é na vontade
de ter um amor de verdade.
Pois é que assim em ti, eu me atirei
e fui te encontrar
pra ver que eu me enganei...

Depois de ter vivido o óbvio utópico,
te beijar, e de ter brincado sobre a sinceridade
e dizer quase tudo quanto fosse natural...
Eu fui pra aí te ver, te dizer:

Deixa ser, como será!
Quando a gente se encontrar
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar...
Deixa ser como será!
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar...

De perto eu não quis ver
que toda a anunciação era vã.
Fui saber tão longe,
mesmo você viu antes de mim...
(...)

Deixa ser como será!
Tudo posto em seu lugar
Então tentar prever serviu pra eu me enganar.

Deixa ser, como será!
Eu já posto em meu lugar
Num continente ao revés..."



[Olhou pela centésima vez o celular.
Mas lembrou que é preciso está destraida para ele que ele toque...]
*